Visita Guiada

No séc. XIV, D. Nuno Álvares Pereira, herói pela causa da Independência de Portugal, mandou erigir uma pequena igreja dentro das muralhas de Vila Viçosa e colocou nela uma imagem de veneração a uma devoção singular: a Imaculada Conceição. Os Bragança, seus descendentes, bem como de D. João I, virão a fixar a sua Casa em Vila Viçosa e engrandecem o templo fundado por D. Nuno Álvares Pereira. A Imaculada Conceição de Vila Viçosa é devoção da Casa de Bragança. Quando, em 1640, na sequência da Restauração, o 8º Duque de Bragança sobe ao trono, determina que a Imaculada Conceição de Vila Viçosa será, a partir daí, a Padroeira de Portugal. O Santuário de Nossa Senhora da Conceição testemunha os dois momentos em que Portugal afirma a sua independência dos espanhóis. Uma visita guiada pelos historiadores António Camões Gouveia e Maria de Jesus Monge.

O arquiteto Cottinelli Telmo marcou a paisagem urbana portuguesa com obras de norte a sul do país. Ao longo de 25 anos, projetou ao serviço dos Caminhos de Ferro Portugueses, mas correspondeu também a encomendas privadas e dirigiu empreendimentos de grande impacto, como a Exposição do Mundo Português ou a Cidade Universitária de Coimbra. Personalidade surpreendente, com múltiplos talentos, Cottinelli Telmo celebrizou-se ainda por ter realizado, em 1933, o filme A Canção de Lisboa. O seu virtuosismo e o seu empreendedorismo fizeram dele, a dado passo, um delfim do Regime. Mas essa proximidade com o poder trouxe-lhe o afastamento da nova geração de arquitetos, que ele muito prezava. Uma figura cuja dimensão deve ser avaliada com um olhar distanciado. Visita guiada pelo arquiteto e investigador João Paulo Martins.

Numa das salas do museu da FRESS está exposta uma tapeçaria que conta muitas histórias. A chamada tapeçaria do Cortejo Triunfal das Girafas, tecida em seda e lã, no início do séc. XVI, na célebre Oficina Tournai, na Flandres, é uma importante peça do património europeu. É a mais antiga tapeçaria quinhentista com a representação de girafas que chegou até aos nossos dias. E é um exemplar paradigmático da série de tapeçarias "À maneira de Portugal e da Índia" que, a dado passo, eram disputadas por todas as grandes casas europeias. A investigadora Jessica Hallet é a nossa guia nesta visita.

O tapete persa de meados do séc. XVI que pertenceu à rainha D. Catarina, mulher de D. João III, é uma das relíquias da coleção do MNAA. Este exemplar, raríssimo no Ocidente, testemunha o período em que os tapetes persas deixaram de ser geométricos e passaram a ser figurativos: o período do Império Safávida. Que este tapete fosse pertença de uma rainha portuguesa explica-se pelo facto de terem sido os portugueses os primeiros europeus a estabelecerem relações comerciais diretas com o Irão, nos inícios do séc. XVI. A expansão marítima portuguesa modificou os consumos de luxo das elites europeias. Uma visita guiada pela investigadora Jessica Hallett.

Em 1922, ano em que se comemorou o primeiro centenário da independência do Brasil, Sacadura Cabral e Gago Coutinho amararam o hidroavião Santa Cruz na Baía de Guanabara, Rio de Janeiro. Cumpriam assim a primeira travessia aérea do Atlântico Sul, um feito que ficaria para a História, tanto mais porque, com as técnicas de navegação que inventaram para o efeito, os dois oficiais de Marinha fizeram avançar a Aeronáutica. Mas a aventura foi bem mais atribulada do que tinham previsto: a Santa Cruz foi a terceira aeronave usada na travessia. As duas primeiras perderam-se no oceano. Uma visita guiada pelo Primeiro-tenente Bruno Gonçalves Neves e pelo Comandante Hugo Baptista Cabral.

Peça única no contexto da arquitetura senhorial de 1400, o conjunto monumental de Ourém, vulgo "castelo de Ourém", foi edificada por D. Afonso, o quarto conde de Ourém, neto de D. João I e de D. Nuno Álvares Pereira. Nobre de primeira grandeza, D. Afonso estava destinado a ser também o segundo duque de Bragança, não fora ter morrido um ano antes do pai. Não obstante o facto de não ter chegado a assumir a segunda maior Casa do reino, D. Afonso, o quarto conde de Ourém, projetou o seu nome na História com a edificação deste complexo, cuja originalidade continua a surpreender os investigadores. Uma visita guiada pelo historiador de arte Nuno Senos.

No chamado "cordão da Serra da Estrela", a Covilhã sempre esteve na rota da transumância para a Serra da Estrela. Dados arqueológicos indicam que há sete mil anos já esta região era sistematicamente atravessada por rebanhos de várias zonas da Península Ibérica que procuravam as excelentes pastagens da Serra da Estrela. A localização geográfica e as condições naturais do território explicam, em grande parte, a longa tradição dos lanifícios na Covilhã. Uma tradição documentada desde a Idade Média e que, ao longo dos séculos, vai cruzar-se com a História dos cristãos-novos na raia beirã, com as políticas de desenvolvimento do Marquês de Pombal, com as duas guerras mundiais, com os movimentos operários, com o Estado Novo. Uma visita guiada pela investigadora Elisa Calado Pinheiro, a fundadora do Museu de Lanifícios da U.B.I.

Entre 1896 e 1907, o rei D. Carlos realizou doze campanhas oceanográficas ao longo da costa portuguesa. Em 1898, o museu aquário, que entretanto se veio a chamar Vasco da Gama, abriu as suas portas ao público. Nele, D. Carlos I mostrava parte dos espécimes marítimos, vivos e mortos, que capturara e que integravam a sua crescente coleção. Junto ao Tejo, em Algés, este museu-aquário é hoje uma peça preciosa do património europeu. Centenário, mas atualizado sob o ponto de vista tecnológico, o Aquário Vasco da Gama está escrupulosamente preservado. Uma visita guiada pelo Comandante Nuno Leitão, o seu diretor.

Quando se pensa no património cultural de Viseu, a primeira coisa que nos ocorre é o célebre pintor Grão Vasco, o viseense que foi o expoente da pintura quinhentista em Portugal. Gão Vasco produziu muitas pinturas para a Sé de Viseu que hoje podem ser vistas no edifício contíguo, o Museu Nacional Grão Vasco. Como aconteceu sempre com todas as igrejas, a Sé de Viseu foi sucessivamente intervencionada ao longo dos séculos e, no séc. XVIII, as pinturas de Grão Vasco foram retiradas em favor da talha barroca, que era a moda do tempo. A história das mais marcantes campanhas na Sé de Viseu vai ser contada através da evocação de um dos mais notáveis bispos de Viseu: D. Miguel da Silva. Uma visita guiada por Fátima Eusébio, a diretora do Departamento dos Bens Culturais da Diocese de Viseu.