Comissão Política

Sem parceiro ainda para aprovar o Orçamento, António Costa deu a volta ao conto infantil e garantiu não estar à procura da Carochinha. Procurámos os contos e as fábulas para enquadrar este OE2020, na sua pergunta decisiva: a esquerda pode saltar fora? (E passamos também pelo PSD, que este fim de semana tenta encontrar um líder - e também a palavra certa para preencher um espaço em branco numa certa frase).

Dois números: 344, o punhado de votos que por uma unha negra fez Luís Montenegro ressuscitar na noite eleitoral do PSD, obrigando Rui Rio à segunda volta. E 39 o número de deputados que se abstêm no Orçamento do Estado. Esta Comissão Política tem na ordem de trabalhos a luta pela liderança no PSD, onde Montenegro procura ser Lázaro pela segunda vez e Rio faz piadas com o menino Zéquinha sobre os seus resultados eleitorais. Falamos sobre a direita - também sobre o CDS - e sobre as consequências de uma abstenção à esquerda no Orçamento do Estado.

Debatemos a vergonha alheia por Joacine Katar Moreira, que vai perder a confiança do partido. Previmos que Rui Rio está para lavar e durar no PSD e arrisca-se a ser primeiro-ministro se estiver no momento certo no lugar certo: pouco interessa agora se a posição é ao centro, porque as alianças terão de ser à direita. Debatemos os debates do CDS, o partido da 'mamite' que está a ser apertado por uma tenaz à esquerda e à direita. E imagine o que não nos saia da cabeça... tem a ver com milhões.

O CDS deu um pontapé no estaminé e elegeu um jovem conservador. Com Rui Rio em parte incerta, Passos reapareceu com um recado muito especial. A direita está em emergência e é preciso responder à dúvida: tem conserto?

Um dirigente do CDS foi apanhado a chamar "agiota dos Judeus" a Aristides de Sousa Mendes, a dar vivas a Salazar e à PIDE. E em tudo isto foi coberto pelo presidente do partido. Desvendamos um pouco dos bastidores desta notícia, mas alargamos a conversa a outras zaragatas, do Chega à deputada que passou a viver na antítese de Ventura. E aos votos do Orçamento, pois claro.

O Orçamento foi o palco do deslaçamento: Costa ganhou o apoio do CDS e Rui Rio ganhou um parceiro no Bloco. Mas à direita, é Ventura quem mexe: lançou-se nas presidenciais contra Marcelo. O que é que tudo isto muda?

Eutanásia. Eis que a palavra mais difícil voltou ao Parlamento. Nesta Comissão Política debatem-se as divisões que o tema gera e se é possível sair dele sem feridas abertas. Mas também se fala da sondagem Expresso/SIC, que mostra o Chega a subir. As pessoas perderam a vergonha de dizer que votam Ventura?

O novo coronavírus atingiu um SNS frágil e uma economia dependente. Um governo minoritário aguenta? E a oposição, o que pode ou deve fazer? A Comissão Política abre portas ao novo paradigma da política portuguesa: o pós-Covid19.

Em Portugal, o Governo declara alerta e o Presidente está tentado a pedir emergência. Na Europa, a coordenação mostra muita... divisão. A Covid-19 entrou em segredo e a incerteza fecha os povos, vários países e anula a política. Será possível uma resposta unida? E quando passar, como é que Portugal e a Europa saem desta "guerra"?

No meio da tragédia, cada país responde como pode e tarda uma resposta europeia comum. Neste momento, são mais as dúvidas do que as certezas, em relação a tudo. Lá, mas também por cá.

Rui Rio desafiou os banqueiros, Marcelo correu a falar com eles. Mas a banca, afinal, pode apoiar os portugueses? Ou vamos todos ter de apoiá-la? E a Europa, dá apoio? Sem a Europa, Costa terá apoio para retirar as restrições?

António Costa decidiu manter as escolas fechadas, deixando a porta aberta apenas ao 11º e 12º anos. Há 960 mil pais forçados a teletrabalho. E o estado de emergência continua sem fim à vista. O início do desconfinamento será, afinal, uma decisão dos técnicos? Ou a mais política das decisões?

António Costa anunciou limitações nas idas à praia para evitar aglomerações e outras medidas para regressarmos à normalidade possível. São decisões de risco em caso de agravamento da pandemia. Nas políticas, porém, ainda não percebemos: o primeiro-ministro recusa a austeridade mas não consegue garantir que não vai mesmo haver políticas restritivas. Entretanto, a Assembleia da República vai mesmo comemorar o 25 de Abril e a polémica está instalada - dois Presidentes da República não vão e um vai contrariado.

Governo e Presidente, que se ancoraram nos técnicos para decidir o isolamento, preparam-se para reabrir a economia e as ruas sem os técnicos darem o conforto. A política decide-se a medo - e sabendo que haverá sempre consequências. Quais? E há alternativas?

Foi a polémica da semana: o 1.º de Maio, com a organização da CGTP elogiada pelo ministro Eduardo Cabrita, o Presidente da República a distanciar-se, o Governo a empurrar para Marcelo e a Direção-Geral da Saúde a ficar com as culpas. Se a CGTP agiu como se tivesse imunidade de grupo ao vírus, a Igreja foi contaminada no meio da discussão depois da entrevista da ministra da Saúde à SIC. Mas manteve-se conservadora e mantém a proibição das peregrinações. Com o desconfinamento, desconfina a política também: o que vai ser deste Governo?

António Costa e Mário Centeno não falam? Se não falam sobre questões como o empréstimo de 850 milhões ao Novo Banco, falam sobre o quê? Os sinais estão aí e o ministro das Finanças parece cada vez mais de saída. De toda esta embrulhada, sobram dois grandes mistérios, uma vez que já se percebeu que a relação deles já conheceu melhores dias: porque é que Costa insistiu em fazer depender a transferência da auditoria (quando isso seria não cumprir o contrato) e como é que Centeno não soube que Costa já tinha defendido isso no Parlamento?

O primeiro-ministro lançou Marcelo na recandidatura e até ditou o resultado: Marcelo vencerá. Irritada, preocupada, Ana Gomes reabriu a sua candidatura. E até à direita há quem se posicione. Mas, afinal, as eleições presidenciais começaram agora ou já acabaram? E o que é que podem mudar?

A todos os passos que dá, Graça Fonseca tem mais protestos do setor da Cultura. Com espetáculos parados e ainda sem regras certas para voltar, a ministra pode cair? Ou o PS sente que o setor nunca virará à direita e continua sem lhe dar atenção?

Era para ser um 'paraministro' e afinal não será mais do que um conselheiro especial do primeiro-ministro para o plano de recuperação, o que também já é muito. António Costa Silva, presidente executivo da petrolífera Partex, vai elaborar um plano económico para o Governo pôr em marcha para o ano e Portugal aproveitar o helicóptero de dinheiro com os milhares de milhões da União Europeia - um momento definidor do nosso futuro como país. Já a gestão política do tema...

Mário Centeno saiu e Costa remeteu para depois uma decisão sobre Banco de Portugal - enquanto no Parlamento se mostrava um cartão amarelo para a transição. A independência conta? E a lealdade? Costa tem mais a ganhar com Centeno por perto e Leão ao lado? E no Governo, o que muda?

Conforme o país foi desconfinando, o discurso foi-se baralhando. Depois do milagre português e da celebração da Champions, oito países europeus deram sinal vermelho à entrada de viajantes provenientes de Portugal. É só uma questão de imagem? É só uma questão de como se olha para os números? Ou há aqui política? O Governo parece errático depois de ter insistido num discurso de otimismo que contrasta com os números da pandemia em Lisboa e com as medidas restritivas que estão a ser tomadas na capital.

Enquanto António Costa se confessava frustrado - depois de se ter irritado - por não ter indicações mais claras dos cientistas sobre como proceder no combate à pandemia, Fernando Medina declarou-se convicto sobre as soluções a aplicar na região da grande Lisboa. Entretanto, cai uma bomba: a TAP está na iminência de ser nacionalizada, também por causa da covid-19. O que é que não tem que ver hoje com a pandemia? Talvez o Chega e a ideia de organizar uma manifestação antirracista onde André Ventura aparece a fazer a saudação fascista.

A TAP é nossa, e agora? O que é que vai acontecer? Não sabemos. O ministro não sabe. O primeiro-ministro ainda não sabe. Pedro Nuno Santos diz que não consegue ter a perceção de que reestruturação vão os novos gestores fazer. Mas também ainda não se sabe quem vão ser os novos gestores. Vai ser um novo Novo Banco ou pior? Quanto vamos pagar pela TAP? A empresa foi mal gerida nos últimos quatro anos? O que andaram lá a fazer os representantes do Estado?

Depressa económica, alerta para nova vaga, críticas e avisos até no PS, acordo difícil na Europa: António Costa está perante a maior crise da sua vida política. Haverá tábua de salvação?

Quatro dias depois, fumo branco: Portugal vai receber muitos milhões da Europa, mas (há sempre um mas) vai ter de os executar depressa e bem. Para o debate do Estado da Nação, Costa leva o plano de outro Costa (Silva). Mas conseguirá consensos para ele? E estabilidade? Que nos diz a história e espreita o futuro?

Costa pediu união de papel passado, como quem não aceita um não. Depois foi de férias. Catarina e Jerónimo também. Que se saiba, todos para sítios diferentes. Analisamos as hipóteses de sucesso desta aliança, de uma outra que também se alinha nas estrelas. E escolhemos as personalidades e revelações do ano político.

A temporada 2020-2021 começa assim, com uma ameaça de crise política, drama, suspense e conflito, tudo para nos agarrar às cenas dos próximos episódios. A rentrée da Comissão Política faz-se com a dramatização de António Costa que quer conquistar os parceiros à força, a reação muscular de Marcelo e ainda a polémica Festa do "Avante!". O outono aproxima-se, mas a temperatura política aumenta.

Atenção, que já estamos em campanha: com Ana Gomes e Marisa Matias na corrida, esta é a semana em que arrancam as presidenciais. Atenção, que estamos a ter um dejá vu: os partidos da geringonça de regresso à mesa do orçamento, com o PCP a voltar à política "pós-Avante!". E atenção que o Novo Banco vai ter mais uma comissão de inquérito a prometer brechas entre Bloco e PS, com Mário Centeno a debater-se já com a dupla qualidade de ministro e governador. E se os 800 milhões não passarem pelo orçamento?

O António benfiquista contamina o Costa primeiro-ministro? E Fernando Medina esteve bem como presidente de uma câmara que tem de tomar decisões sobre o Benfica? Dar a honra por Luís Filipe Vieira pode sair caro aos dois socialistas e não se percebe o que os levou a aparecer ao lado de um homem cujo nome está envolvido numa série de escândalos investigados pela justiça.

Houve militantes identificados, moções inflamadas e uma quase crise de liderança. E muitos discursos. Contamos-lhes o que vimos no congresso do Chega e não passou nas televisões. E fazemos um raio-x ao partido e à sua vontade de mudar o sistema político. Chegará?

António Costa transformou-se num artista do arame com ventos à direita e à esquerda, sem ter a quem se agarrar e rede onde cair. Com o diabo a chegar em forma de pandemia e crise económica - e com a crise política como cenário possível -, o primeiro-ministro mantém a fleuma, ou pelo menos parece menos nervoso do que o Presidente da República. O desfecho desta novela está nas mãos do Bloco de Esquerda, que terá de conseguir mais do que mínimos para valer a pena deixar passar o Orçamento para 2021.

Uma saída abrupta do presidente do TC e os avisos sobre uma lei que facilita "corrupção" reabriram uma discussão: quem se mete com o PS leva? E iniciaram outra: com tanto dinheiro para investir, o Estado deve abrir as comportas ou fechar as janelas?

É bom, é mau? É um Orçamento do Estado precavido, feito de meias medidas, contido e à defesa, sem despejar a enxurrada necessária de estímulos na economia. É o exercício de todas as incertezas: de incerteza política, porque ainda não se sabe quem o vai aprovar (alguém o vai viabilizar?); e de incerteza económica, porque ainda não sabemos como nem quando vai acabar a pandemia.

O Bloco desentende-se sobre um Orçamento em duodécimos. António Costa contradiz-se sobre o que acontece se não houver acordo à esquerda. A juntar a isso, há uma app que era para ser mas já não é (obrigatória). E um desentendimento sobre o caminho: afinal, quem aceita um novo confinamento?

António Costa foi à jugular do Bloco de Esquerda quando o encostou à direita no debate parlamentar, para lhe tentar sugar eleitorado como em 2011. Mas os bloquistas confiam que este é o momento de ser mesmo de esquerda e daqui a uns meses esperam ser recompensados pela intransigência orçamental quando a realidade da crise for mais dura. Entretanto, o anticiclone eleitoral nos Açores está a fazer mudar o jogo e Ponta Delgada pode ser agora um laboratório para uma 'geringonça' de direita no país. Tudo junto, temos um Governo em grande esforço e reforça-se a ideia de parecer que estamos no fim de um ciclo que apesar de tudo pode ainda manter-se por muito tempo.

Afinal, houve ou não houve um milagre português? Ficámos sem saber se nunca houve milagre ou se deixou de haver agora. Ficámos também sem perceber se o Presidente da República estava a culpar o Governo pelo que correu mal ou a desculpá-lo com a complexidade das circunstâncias. A entrevista que o chefe de Estado deu à RTP para falar do novo estado de emergência light deixou os nossos comissários políticos confusos, ou talvez não: Marcelo Rebelo de Sousa já está em campanha e quer agradar a Deus e ao Diabo?

Os fins justificam os meios? Rui Rio, que se candidatou à liderança do PSD a reivindicar a defesa de princípios, o regresso à social-democracia e a correção do desvio passista para a direita, validou o acordo do PSD/Açores com o Chega. A entrada de André Ventura no arco do poder é um balão de ensaio para uma nova fase na vida política do país. Para onde nos levará? Entretanto, foi decretado o estado de emergência com um recolher obrigatório - que não se chama recolher obrigatório - e António Costa apresentou números folgados sobre a pressão do SNS, que não são claros. E as presidenciais no PS? Os posicionamentos são sobretudo táticos.

Tivemos meio fim de semana fechados em casa, a ver números a subir. E fica a dúvida: isto chega para travar o vírus? Ou vamos a caminho de um confinamento? Entretanto, à direita, a dúvida instalou-se: o acordo parlamentar com Ventura, nos Açores, partirá o PSD nacional?

Houve descoordenação, "erros, omissões e ziguezagues" no combate à pandemia, como assinalou o Presidente da República, que ainda esta semana teve de acarear duas ministras em Belém? António Costa precisa de um número dois mais forte para evitar erros políticos e de comunicação? E o Congresso do PCP devia realizar-se em estado de emergência? Estes temas polarizaram uma acesa discussão desta comissão política, onde ainda falámos das longuíssimas votações do Orçamento do Estado e de um assunto essencial: o "pastafarianismo". Para saber o que é esta religião que leva os registos de notariado à loucura tem de ouvir tudo até ao fim.

A saída de cena do Bloco abre espaço ou tira a rua aos comunistas? E a ameaça de uma direita com Chega força o PCP a ficar ao lado de Costa? Nesta Comissão Política, o líder parlamentar João Oliveira responde às dúvidas, mas também comenta: os jornalistas, as sondagens e a crise que se instala, aos olhos dos comunistas. Afinal, quem quer a revolução?

O Governo passa a responsabilidade do Natal para todos nós à espera que sejamos adultos e estejamos à altura - é certo que as infeções vão aumentar -, mas em janeiro começa a grande prova: se o processo de vacinação correr bem, o Governo está a salvo, se correr mal António Costa vai depender ainda mais do PCP para se manter. Com a pandemia em pano de fundo, Marcelo Rebelo de Sousa apresenta a recandidatura: fez bem em manter este estranho tabu tanto tempo?

Uma morte às mãos do SEF, uma demissão atrasada, uma conferência de imprensa falhada e muita pressão do Presidente - mas Eduardo Cabrita resiste no Governo, com a confiança de António Costa. Terá o ministro força política para reestruturar as polícias, quando sobre elas paira um Movimento Zero e um novo radicalismo? E porque segura Costa outro ministro, de quem parece cada vez mais longe?