Saídos de meses de iluminação espiritual junto dos melhores gurus de Katmandu, Nas Nalgas regressam com os chacras alinhados para que os seus conhecimentos sejam a iluminação do povo perdido na Internet. Miguel “Ametista” Ferreira conhecido como mago dos cristais e acariciador de auras, Pedro “Martelo Salgado” Cinemaxunga o mestre das harmónicas como o seu turbante e cítara dourada e, finalmente, Carlos “Baba Shivanandji Maharaj” Reis o ampliador de Chacras especializado em alargar o terceiro olho. No início desta quinta temporada à conversa com Renato Barcelos, o célebre tradutor da Netflix conhecido pela mítica expressão “Lança-granadas pesado como a piça”. Uma serena sessão onde se abordam os temas importantes da legendagem Netflix, os mitos da tradução e boatos infundados acerca da orientação sexual de celebridades.

É noite de lua cheia e na Terra fala-se do homem que lá habita, o homem que foi à lua para lá ficar. Nas Nalgas limpam os espargos da boca, estacionam de modo impecável, colocam a máscara de podcaster, colocam os óculos escuros por cima, produzem o som mais irritante do mundo e urinam para uma garrafa à medida que o tempo de expanda muito para lá do razoável. Alrighty then, é tempo de ir à procura do guano. Senhoras e senhoras, hoje fala-se de Paul Newman.

Nas Nalgas abordam a complexidade das cenas implícitas, aqueles momentos que não aparecem no ecran mas que sabemos bem que tiveram que existir para que a trama possa avançar. Ninguém quer ver Bruce Wayne de boina francesa e fato de macaco num escadote a pintar demoradamente um morcego com resinas inflamáveis, para preparar a sua grande entrada. Porém teve que ser feito. E por aqui se avança em relação ao desconhecido porque as ninguém percebeu em concreto o tema. Como num filme de Nolan.

"Vocês têm muita piada! ahaha!", dizem-nos alguns bêbedos por mensagem às 4 da manhã. "Piada como? Divertimos? Porque somos totós? Somos quê? Uns palhaços?". Respondemos sempre, nesta constante insegurança que nos caracteriza. "Não pá, não é isso. Gosto de vos ouvir porque me fazem rir". As pessoas depois começam a ficar aflitas e é nessa altura que entra a parte de "Vê lá se te queres que rebente os dentes, meu merdas. Estamos aqui para falar de cinema, não é para distribuir algodão doce de sapatões ao som de buzinas em carrinhos minúsculos e depois beber até à inconsciência e adormecer a chorar e a apalpar o rabo à apresentadora do circo." Joe Pesci é o tema. Divirtam-se. Mas não em demasia.

Uma das lições de vida de Big é a dureza de crescer e ser adulto. Tudo parece maravilhoso, pode comer-se doces e consumir pornografia, pode tocar-se piano com os pés ou contemplar um par de seios sem ser através de um calendário que tem que ser lambido para revelar os fartos tetos de uma striper mal paga. É neste tom de desilusão com a impossibilidade de parar o tempo que Nas Nalgas abordam a carreira de Tom Hanks. Desde os filmes bons aos preferidos do Miguel, passando por aquele do aeroporto que só o Carlos gosta.

Malta, a ficção cientifica actual resolveu todas as crises. Seja qual for o sabor de futurismo que andem a consumir, a solução passará sempre pelo upload de consciência para a cloud e depois fazer disaster recovery caso alguma desgraça vos aconteça. Convém pagar por um serviço premium, senão vão passar a vida a ver publicidade de meia em meia hora. Nas Nalgas analisam a quarta temporada de Black Mirror de cabo a rabo e emitem o seu parecer. Conversa futurista, discordâncias e pausas para backup da alma. Realidades paralelas intra dimensionais é com as Nalgas.

Caídos em desgraça, Nas Nalgas têm que procurar emprego na RTP. Os rumores que Fernando Mendes não largou realmente os enchidos enchem as manchetes deixando Alberta Marques Fernandes furiosa e à mercê de tentações. Entretanto fala-se de easter eggs e referências no cinema, desde as obscuras aparições do pré-home video até à sua actual industrialização. Isto tudo despachado antes das 19h, hora da aula de cunnilinguagem gestual, módulo III.

Perder a carteira ou perder a conta do Facebook? Nas Nalgas do Mandarim já foi em tempos um podcast com desafios sérios e retorcidos que envolviam mães em corpos de esposas e felácios ao Depardieu. Agora, cinco temporadas volvidas, casados, com filhos e carrinhas de sete lugares em garagens outrora abrilhantadas com cabriolets e desportivos, resta a Pedro, Miguel e Carlos gravarem o que podem enquanto as mulheres vão com os miúdos ao cabeleireiro. Histórias trágicas de vida que mereciam o melhor dos guionistas: Aaron Sorkin.

No episódio de hoje Miguel faz uma panela de arroz enquanto as restantes Nalgas deambulam ao sabor dos botões. Como macacos com défice cromossomático, vão navegando ao sabor do abandono do ócio cinéfilo. De filme em filme, até ao mais importante tesouro nacional que ninguém conhece: Bernardo Santos. O actor de português que entra em quase todos os blockbusters americanos.

Nas Nalgas recebem uma carta das finanças que lhes obriga a diversificar os episódios para não ser sempre piadas de pila. Assim optaram por escolher falar Djimon Hounsou e na sua importância para a cinematografia mundial.

Nas Nalgas analisam este embuste que é um actor alterar as suas características físicas para fazer um filme e bater o couro ao Oscar. De Christian Bale a Robert De Niro, passando por aquela vez em que a Charlize Theron fez de gorda feia. Tudo servido numa bela taça de som manhoso e uma birra do Carlos. O costume, portanto!

Hoje fala-se de mutações genéticas no grande ecrã, de garganta funda e da condição indefinida do que é ser-se um zombie. Nas Nalgas terminam aqui esta trilogia de dois episódios com uma mensagem muito importante. Amem-se uns aos outros, de preferência por trás.

Na lamela do microscópio das Nalgas foi colocada esta semana a carreira de Ted Kotcheff para ser analisada. Não sem antes ter sido dissecada e esquartejada com a habitual sensibilidade que é reconhecida a estes 3 rapazes. Entre insultos pessoais e apelos à separação conjugal, consegue-se uma fina essência de Kotcheff capaz de elucidar o mais impaciente dos cinéfilos.

Todos temos no kit de ferramentas uma pá que nunca foi utilizada. A sua função é aviar meia dúzia de entidades do além num cenário de Apocalipse bíblico que sabemos secretamente estar prestes a dar-se. Nas Nalgas analisam o cinema que lida com demónios em todas as suas vertentes, das satânicas criaturas do inferno àquela esposa mais malandreca. Uma antologia endiabrada com um desenvolvimento levado da breca. Cruzes credo, vade retro satanás, abram alas para o Noddy.

Tudo tem um início e um fim. Um Alfa e um Omega. Um primeiro e um último. Menos as Nalgas do Mandarim, que são como aquela namorada que não percebe que foi despachada e aparece no jantar de Natal da família e nem repara que já lá está outra no lugar dela. Fica a noite toda a beber que nem um perdida ao ponto de acabar por ser o terceiro elemento daquele menage com o qual eu... quero dizer, o hipotético narrador desta situação completamente inventada, sempre fantasiei... hum... fantasiou. E assim chega ao fim mais uma bela temporada das Nalgas, com o comentário em tempo real a uma icónica cena do último Star Wars. Que a força esteja convosco.