Nas Nalgas regressam para mais uma temporada, desta vez na Netflix, para introduzir um conceito inovador capaz de virar o mundo do entretenimento de pernas para o ar: os desafios. Enquanto isso Miguel funde filmografias, martelando personagens do mesmo actor a aparecer noutros filmes, como a Marvel tem vindo a fazer ultimamente. De resto é o mesmo de sempre, genialidade incompreendida polvilhada por pontuais conceitos filosóficos capazes de rasgar o tecido da sociedade como o conhecemos.

Nas Nalgas entram num videoclube mágico com pequenos bancos de madeira. As possibilidades são quase ilimitadas. Ao longe, um velho cospe para o chão de madeira, coloca um prego no canto da boca e balbucia entre dentes: "Qual é o filme?". Mesmo antes de haver tempo para escolher a película, uma dor intensa percorre o corpo numa emergência elétrica logo após o enorme *clank* metálico. Arghhhh, gritam as Nalgas. Não pela dor, mas pelo Jersey Girl. Kevin Smith senta-se no banco dos réus neste renovado formato que promete alterar para sempre o panorama nacional do podcastismo amador. Miguel regressa com cara de culpado, com caramelos a saírem-lhe dos bolsos.

A rotina é sempre a mesma: meter o plutónio, verificar o condensador de fluxos, escolher a data e ir visitar a mamã quando era jovem e disponível. E é com este incómodo que Nas Nalgas se aventuram por Zemeckis adentro, abordando toda a sua carreira desde os primeiros filmes que ninguém viu aos mais recentes que ninguém vê.

Enquanto contemplam calmamente o fim da civilização à varanda num final de tarde solarengo, Nas Nalgas dissertam acerca dos filmes de pandemias evitando o elefante na sala: os zombies. Enquanto isso, do futuro, chegam informações de uma pandemia dupla cujo ponto de embate é Portugal. Há que escolher o lado da pandemia para depois lutar por ela. A única excepção para tossir é quando o urologista precisa de verificar se existe alteração na nossa harmonia testicular. The End is Nigh!

Incorporando o estilo de vida americano, a Estátua da Liberdade carrega em si uma simbologia poderosa no cinema, sendo apresentada em momentos chave como um sumário psicológico, emocional e social de uma nação. Neste episódio do vosso podcast preferido quando não sai nenhum episódio dos outros podcasts bons, Nas Nalgas ignoram por completo o primeiro parágrafo deste texto e tiram as conclusões erradas a que tanto nos têm habituado. In stereo where available.

Os dias de pandemia são excelentes para trazer à tona a infoexclusão de um povo que se habituou tanto a telemóveis e plataformas de streaming que já nem sabe usar computadores e/ou piratear conteúdos. A tristeza de acreditar que todo o poder de computação pode ser conseguido com um iPad. Atentos ao facto de que a informática é sempre pobremente representada no cinema mainstream, Nas Nalgas encaixam o jack na nuca e entram no ciberespaço, quais golfinhos telecinéticos do sec. XXI.

Nas Nalgas aproveitam o convite para ver o novo filme das Doce antes de toda a gente. Alienando milhares de miúdas histéricas capazes de fazer quaisquer favores sexuais em troca da sua companhia, Nas Nalgas levam os barbudos do podcast Não Penses Mais Nisso porque, parafraseando o Dr. Kuka Veludo, "seria uma desperdício terminar um ciclo de quase cinco anos de festa da mangueira". Ainda no tópico mangueira, fala-se da influência de Reinaldo na abertura da carreira deste quarteto à Europa e na fenomenal representação de Nuno Markl como Júlio Isidro.

Enfiados numa sessão de sauna, nus do umbigo para baixo, Nalgas e VHS filosofam de modo frutífero acerca do tema que assombra a actualidade: Charlie Sheen. Muito de fala deste cocainómano seropositivo com pendor para menores durante cinco minutos, sendo que rapidamente o assunto degenera para a maior festa da mangueira de que há memória. Tirem essa lata de cerveja barata do LIDL que estava guardada para cozinhados e sentem-se no sofá com nódoas de pizza a ouvir este episódio no seu habitat natural.

Surfistas punks atléticos formosos e bem sucedidos no Facebook, miseráveis bolas de banha deprimida a tentar perceber porque estão falidos quando receberam o ordenado anteontem na vida. A realidade é também assim, tem várias versões de acordo com os targets. Nas Nalgas debatem a sempre prolifera área dos filmes que têm mais que uma versão oficial, ou porque o realizador quer finalmente mostrar ao mundo a sua visão ou porque está na hora de sacar umas coroas a incautos cinéfilos à procura de frescura adicional. Tudo e mais alguma coisa neste episódio especialíssimo.

Sequelas manhosas é o tema de hoje, tal como o título indica. E, apontando o título nesse sentido, nada haverá a esclarecer adicionalmente. Uma sequela é quase sempre manhosa, mas não totalmente. Uma sequela manhosa implica uma derivação tal da sua predecessora que às vezes até os actores são diferentes para interpretar o mesmo personagem.

A título póstumo, Nas Nalgas analisam a carreira de Joel Schumacher, esse realizador profícuo cuja cinematografia é extensamente abordada. Desde a sua primeira longa metragem, onde encolhe a sua mãezinha e a coloca às costas de um macaco, à fama de frequentador de orgias totalizando mais de 20000 parceiros sexuais. Quando havia uma folga na sodomização em série, lá voltava para fazer mais um filme.

Os cinéfilos dividem-se em dois tipos: os que têm os mesmos gostos que nós e os bardamerdas. Alguns há que nem os Rocky todos viram ou só recentemente viram o Rambo 2, imagine-se. Neste espírito de falta de esperança num mundo melhor, Nas Nalgas embargam numa missão instruída pelo próprio Jesus num sonho, classificar os Rocky's e explicar qual a verdadeira razão do colapso da União Soviética.

A matemática é a mais importante das ciências. Isto porque sustenta todas as disciplinas da existência humana, desde a física quântica à música. Nas Nalgas, tendo chumbado a matemática desde a terceira classe, só sabem contar até dez e, como tal, fazem um top de filmes que têm números no título mas que não fazem parte da numeração da respectiva sequela. As regras são muito abertas à interpretação e, como vivemos numa simulação, nada disto interessa. Somos apenas partículas temporárias de um código por depurar.

Nas Nalgas sentam-se em frente a Daniel Oliveira, interpretado pela atriz/encenadora/designer/fatiadora de fiambre do Intermarché/sensei de taekwondo Mónica Freitas, para deixarem fluir os seus sentimentos e as suas lágrimas, que nem uns mariquinhas. E é neste tom deprimente que acaba a sétima temporada, aquela em que o Miguel gosta de criancinhas.