A Luta de Renato Freitas

Um ato pacífico que pedia justiça por violências brutais cometidas contra três homens negros coloca em risco o mandato de Renato Freitas, então vereador de Curitiba. O protesto, feito na Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos de São Benedito, local carregado de simbolismo para a população negra da cidade, mobilizou lideranças de direita, que acusaram Renato de ter “invadido” um local sagrado. O ato transformou o jovem vereador num alvo perfeito para a perseguição política e marcou sua carreira para sempre.

Segundo o Mapa da Violência 2023, oito a cada 10 pessoas assassinadas no Brasil são negras. Mas esses são apenas números. O protesto na Igreja do Rosário, em Curitiba, tinha a intenção de mostrar que essas vítimas têm rostos e nomes, como, por exemplo: Moïse Kabagambe, congolês, torturado e morto num quiosque de praia, no Rio de Janeiro; Quintino Correia, de Guiné Bissau, vítima de um ataque neonazista, e Durval Teófilo Filho, brasileiro, assassinado com três tiros de um vizinho, que o “confundiu” com um ladrão.

A visibilidade que o protesto na igreja teve na imprensa e nas redes sociais transformaram Renato no inimigo número um da elite governante paranaense. E a Câmara dos Vereadores de Curitiba estava disposta a levar adiante um processo de cassação de seu mandato. Não uma, mas duas vezes. Ou até que ele estivesse definitivamente fora da vida política brasileira.

Depois de enfrentar dois processos de cassação como vereador, Renato Freitas dá a volta por cima e se elege deputado estadual. Na Assembleia, ele aprofunda as lutas que são definidoras de sua trajetória, tanto política quanto pessoal: contra racismo, violência policial e corrupção, entre outras. Como deputado, Renato enfrenta a perseguição e intimidação de novos e velhos opositores, além de um novo processo de cassação. Ele sabe quem e por que incomoda, mas vislumbra um futuro de “caminhos abertos”.